O que esperar de Bolsonaro como presidente? Para traçar as projeções o InfoMoney recebeu três especialistas na noite deste domingo (28): Paulo Gama, analista político da XP Investimentos; Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores; e Suelma Rosa, vice-presidente do conselho deliberativo do Irelgov (Instituto de Relações Governamentais).

Para o especialista, Bolsonaro deverá insistir em construir um canal importante para sua governabilidade a partir de bancadas suprapartidárias no parlamento, caso dos ruralistas e evangélicos, por exemplo. Mas tal iniciativa tem suas limitações. “Esses são alguns pontos de apoio, que dão a ele certa tranquilidade para iniciar sua relação com o Congresso, mas não tem como fugir da articulação via partido político.

Quando conversamos com os integrantes dessas frentes mesmo, eles concordam que é um bom início de aproximação, mas só isso, passando à margem dos partidos, é difícil ter uma governabilidade que dê tranquilidade para tocar pautas constitucionais que exigem maiorias qualificadas”, complementou.

O novo presidente contará com a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, com 52 dos 513 representantes.

Para a especialista, outro grande desafio do novo presidente será lidar com a massa de “outsiders” eleita para as duas casas legislativas, assim como a construção de uma identidade para seu partido. Hoje, o que se nota é que muitos dos nomes eleitos pelo PSL não venceram nas urnas com o mesmo discurso liberal defendido pelo economista Paulo Guedes, o “posto Ipiranga” de Bolsonaro durante a campanha. Além disso, Suelma acredita que o militar reformado deverá enfrentar situações complexas na gestão de interesses federativos e na administração de interesses e demandas de distintos grupos de sua coalizão.

Para o especialista, mesmo com tantos desafios, Bolsonaro deverá ter êxito na gestão da coalizão ao menos durante os primeiros meses de mandato. Ribeiro espera que o novo presidente combine uma agenda de medidas econômicas a pautas mais associadas à segurança, tema caro de sua campanha. Nesse sentido, um bom aperitivo para o mercado financeiro deverá ser a aprovação da autonomia do Banco Central logo de início, o que poderia sinalizar compromisso com uma agenda liberal, a despeito do histórico como deputado federal.

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