Para um investimento em ações mais seguro, é necessário levarmos em consideração alguns fatores, entre eles: consistência de lucros e previsibilidade.

Quanto maior for a previsibilidade de um investimento, menores serão seus riscos e consequentemente melhores seus resultados.
Quem não gostaria que existisse uma bola de cristal para prever o futuro da bolsa? Seria algo fascinante com ganho certo, correto?!
Pois bem, para chegar o mais próximo do “prever” nada melhor que utilizamos a derivada palavra “previsibilidade”, que neste caso diz o quão previsível será seu investimento.

É fato que a consistência nos lucros de uma empresa faz aumentar o que chamamos de previsibilidade, pois as chances de uma empresa que possuiu bons lucros no passado continuar possuindo no futuro é maior do que os das que nunca possuíram, ou até mesmo aquelas que tiveram lucros com mera consistência.
Há diversas empresas que possuem esses dois atributo que podem ser identificados através da Plataforma PenseRico. Mas também é fácil perceber que a maioria das empresas que possuem baixa previsibilidade são empresas controladas pelo governo. Listarei alguns pontos para explicar e exemplificar o porquê:

1. Falta de consistência
O fator consistência na geração de caixa e lucros é extremamente importante. Além de manter a empresa com bons lucros e consequentemente distribuindo e impactando os acionistas, existe um fator extremamente importante chamado “previsibilidade”, fator crucial para o acionista obter sucesso ao investir é obter o máximo de previsão de que tal investimento valha a pena. Como a administração das empresas controladas pelo governo não é focada em gerar lucros ou crescimento, isso faz com que os investimentos nessas empresas seja reduzido drasticamente em termos de previsibilidade. Hora pode estar gerando bons resultados e hora pode estar sendo manipulada para gerar benefícios a outros fins, impactando consideravelmente na consistência dos mesmos.

2. Intervenções
As intervenções são outros pontos que impactam muito na previsibilidade, como foi o caso da MP 579 (Eletrobrás) e o preços da gasolina (Petrobrás) que é utilizada como instrumento para controlar inflação.

No caso da MP 579, foi uma medida adotada pelo governo onde interviu no preço cobrado pela energia elétrica para tentar repassar um custo menor ao consumidor. Porém essa estratégia foi um verdadeiro fracasso, onde o consumidor não viu impacto significativo na conta de luz, e junto a isso causou um enorme rombo nos caixas das empresas geradoras e distribuidoras de energia. Um exemplo disso foi o caso da Eletrobras. No ano de 2011 a empresa lucrou cerca de R$ 3,7 bilhões e após as medias MP 579 passou a ter um prejuízo de R$ 6,8 bilhões em 2012. Um caso clássico de empresa totalmente imprevisível, ao qual o governo tomou medidas que impactaram consideravelmente as empresas do setor inclusive as do segmento privado.

3. Administração
Na maioria das vezes, a administração das empresas controladas pelo governo não está voltada a gerar lucros, ou pelo menos se está, os próprios funcionários não estão empenhados à este quesito. E listo abaixo alguns fatores pelos quais isso acontece:

> Empregados que não podem se desligar da empresa por proteção de cargo.
> Empregados que não são motivados para elevarem seus resultados ou até mesmo cobrados quando não desempenham um bom trabalho.

Todo esses fatores impactam diretamente num bom resultado de um empresa, pois eles começam pela base, ou seja, a grande massa de trabalhadores e colaboradores.

Mas por que isso acontece?
Simplesmente pelo fato de que o dono da empresa é o governo, não existe uma cobrança direta e uma supervisão ativa. Dando aquela velha sensação de ser uma empresa de “ninguém”.

4. Interesse ao governo e não ao acionista
O governo cita muitas vezes o bordão de que a “Petrobrás é nossa”, mas a verdade é que ele nunca se preocupou em trazer benefícios aos brasileiros, sua maior preocupação sempre foi utilizá-la como meio para contornar erros estratégicos, cobrir investimentos fracassados e controlar a inflação através dos preços dos combustíveis. Em muitas vezes utilizando os lucros de algumas empresas para poder fechar as contas da união.

Um exemplo disso foi o caso da Eletrobras onde simplesmente o governo (maior acionista da empresa) exige o pagamento de dividendos mesmo quando a empresa reportar prejuízos. Característica adotada que vai totalmente na contramão da lógica de uma empresa bem administrada, pois se os dividendos são uma parte da distribuição dos lucros em forma de dinheiro. Como uma empresa que reporta prejuízos pode distribuir dividendos?
Abaixo listo 2 situações aos quais fazem a Eletrobras distribuir dividendos mesmo reportando prejuízos.

> O governo federal precisa fechar suas contas e mostrar “bons” números para a sociedade brasileira, por isso as estatais estão pagando “ótimos” dividendos para seu maior acionista, Governo federal! E assim segue o “baile” da distribuição de dividendos mesmo quando reportado prejuízos.
> O estatuto da Eletrobras define dividendos mínimos obrigatórios para as ações PNA e PNB (8 e 6% em relação ao capital social, respectivamente), inclusive acrescidos de um percentual referente ao imposto de renda.

Depois de todas essas informações, não estamos dizendo que não se deve investir em empresas controladas pelo governo, mas que infelizmente elas diminuem drasticamente a previsibilidade de seus investimentos. Na bolsa existe centenas de ações, e muitas delas de extrema qualidade. Procure ser criterioso, busque previsibilidade que sua vida na bolsa será muito mais tranquila.

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